De cores chamativas, nas quais o verde prevalece e auxilia na camuflagem, a perereca-macaco (Pithecopus nordestinus) é espécie comum principalmente na Caatinga e Mata Atlântica, podendo ser encontrada também em outros biomas brasileiros.
O nome popular faz referência aos lentos movimentos do anfíbio sob os galhos das árvores, característica que o destaca dos demais. “A locomoção lenta e os raros saltos são incomuns entre as pererecas, que geralmente saltam muito”, explica Willianilson Pessoa, biólogo especialista em répteis e anfíbios.
De acordo com Pessoa, quase todos os anuros produzem algum tipo de secreção ou toxina, seja para evitar a desidratação, para se defender de predadores ou se proteger de doenças. “No caso das pererecas-macaco os componentes servem como antibiótico, protegendo-as de bactérias e para evitar a desidratação por perda de água através da pele”, diz.
Encontrada em todo o Brasil e em países de América do Sul, as pererecas dos gêneros Phyllomedusa e Pithecopus vivem sobre as folhagens, onde também se reproduzem de forma curiosa: depois do amplexo – quando o macho abraça a fêmea e ela o carrega até a cópula -, os animais procuram folhagens sobre as águas para botar os ovos. “O curioso é que, conforme botam os ovos, dobram a folha como um canudo e colam com uma secreção que excretam durante a cópula”, destaca.
Dessa forma, assim que os ovos eclodem, pequenos girinos caem direto na água, onde vão se desenvolver até a metamorfose completa.
De hábitos noturnos, a perereca-macaco aproveita a noite para caçar pequenos invertebrados que vivem sobre folhas e galhos. “Durante o dia elas ficam escondidas e camufladas na vegetação”, explica Pessoa, que destaca os principais predadores da espécie. “Como as toxinas liberadas pelo animal não causam danos como ferimentos, reações aversivas ou morte, a perereca é facilmente predada pelas aves e serpentes”, completa.
Time grande
Os olhos grandes e corpo predominantemente verde não são características únicas da perereca-macaco: espécies dos gêneros Phyllomedusa e Pithecopus são parecidas e, por vezes, recebem o mesmo nome popular.
“No Brasil temos 22 espécies de pererecas, divididas nesses dois gêneros. Os nomes desses animais variam em cada região”, explica.
Na Amazônia, a ‘irmã’ da perereca-macaco, Phyllomedusa bicolor, ganha ainda outro apelido: kambô. “A perereca é utilizada em rituais da tribo dos Katukinas. Eles raspam excreções da pele do animal e aplicam na própria pele, onde já foi queimada com brasa. Acreditam que as toxinas na pele ferida melhoram a imunidade, tiram a preguiça e tornam o indígena um guerreiro, além de curar doenças”, finaliza Pessoa.
Fonte: G1.com